17 de julho de 2012

Game Over

Fiquei um bom tempo pensando no que dizer, nas palavras adequadas para este último post, para fugir de qualquer afetação. Uma boa desculpa, um pretexto convincente que justifique a decisão que tomei. Coisas do estilo... tenho trabalhado demais, me falta tempo, me falta inspiração, essas bossas.


Fato é que não preciso de pretexto. Vim aqui só pra dar uma satisfação aos poucos e fieis leitores que têm me acompanhado nestes meses. Foi muitíssimo bacana, a experiência. Mas, como tudo o mais, tem um ciclo. Trans-Lácio chega ao final de seu ciclo, ponto.

That’s all folks! (Sobem os letreiros e entra a musiquinha do Pernalonga). Valeu!

10 de julho de 2012

Drops


1. Língua. Numa mensagem de e-mail em que Fulano cobrava o atraso na marcação de um exame laboratorial, Sicrano responde, dizendo: “Solicitamos desculpas pelo atraso, mas já está tudo certo”. Hein?

2. Língua (II). Em minha caixa de e-mails: “Translations XYZ está em busca de tradutores. Os interessados estão convidados a carregar seu CV em www.translationsxyz.com”. Sorte que meu CV não pesa muito, benzadeus.


3. Posologia. Quando você se comunica com uma pessoa via e-mail, e lhe diz algo repetidas vezes em relação a uma postura esquisita que ela vem adotando há alguns meses, e nada parece surtir efeito, como administrar o Simancol? Em gotas, drágeas, ou diretamente na veia?

4. Moda. Num trecho do livro que estou traduzindo, a protagonista, de 15 anos, lá pelas tantas vai encontrar seu paquera, e decide vestir “um top leve que, ao mesmo tempo, é esvoaçante e estruturado”. Uau. Até eu chegar nesta expressão, tive de pular miudinho. E continuo com a sensação de que acabo de verter o trecho para o sânscrito.

6 de julho de 2012

A literatura e a passarela

Revista literária internacional, em sua edição brasileira, reúne um júri que elege os 20 maiores escritores jovens brasileiros (com menos de 40 anos).

Eu adoraria saber qual é a diferença fundamental entre esta eleição e um concurso de Miss (Brasil ou Universo).

4 de julho de 2012

Enquete (2)

A trama de Avenida Brasil começa a esquentar. Quando isso acontece, pequenas surpresas e até mesmo reviravoltas inesperadas são muito comuns. Dentre os desdobramentos abaixo, qual lhe parece mais próximo de acontecer, cara leitora?


1. Nina decide fazer um acerto de contas definitivo com seu passado: não irá mais preparar nenhum prato à base de batatas.

2. Suelen, em situação de desespero com sua iminente deportação para a Bolívia, pega carona até São Paulo e, no bairro do Brás, encontra um trabalho de costureira entre seus compatriotas, submetendo-se a jornada de 16 horas diárias e a um salário aviltante.

3. Para desespero de Carminha, Nina inscreve Ágata no concurso Miss Pequena Sunshine Afro, promovido pelo Divino F.C. Para a apresentação, a menina prepara uma coreografia com músicas funk.

4. Max, na fissura total devido à sua “Mega-Sena acumulada” e diante das recusas recorrentes de Nina aos seus convites para acompanhá-lo na sauna, começa a beber de tudo, incluindo uísque nacional, e passa a assediar Zezé.

5. Por indicação de Nina, Tufão começa a ler Grande Sertão: Veredas. Três dias depois, vencido pela linguagem de Rosa, segurando nas mãos dela, na cozinha, admite que está jogando a toalha: “Complicado pa caramba, esse livro, entendeu?”

1 de julho de 2012

Um livro

Acaba de chegar às livrarias: Guia Lonely Planet – Londres (Ed. Globo), do qual fui um dos tradutores. Um dos desafios mais interessantes que já enfrentei. A sofisticação da linguagem no original é de impressionar. Um belo projeto gráfico, resultando num livro que, além das dicas bacanas que traz, dá gosto de folhear. Taí, se você estiver esquentando as turbinas para acompanhar os Jogos Olímpicos, uma boa pedida.


Em tempo: outro guia desta série sairá nos próximos meses. Na época do lançamento, farei alguns comentários sobre a experiência de traduzi-lo.

28 de junho de 2012

Quinze coisas que você jamais deve dizer a um tradutor


O texto original, em inglês, circulou pelo Facebook, e Madame Min fez a gentileza de traduzir. Roubo dela, pois coisas desse tipo têm de circular.

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Dez coisas que você jamais deve dizer a um tradutor


1- Tenho um parente que estudou fora seis meses. Vou pedir para ele traduzir esse texto.

2- Por que estudar para ser tradutor quando se pode simplesmente usar o Google Translate?

3- Estudei *língua x,y,z* no ensino médio e queria trabalhar como tradutor.

4- Por que você tem tantos dicionários? Um só não bastava?

5- Demora tanto assim traduzir esse texto? Nem é tão grande assim!

6- Você só sabe três línguas?

7- Por que você não estuda (estudou) *língua x,y,z*?

8- Então você trabalha como tradutor em casa? E isso é emprego?

9- Então você é tradutor... Você faz tradução simultânea, né?

10- O que significa *palavra x,y,z*? Você é tradutor, devia saber!

Ela acrescenta (com o meu endosso):


11- Tradutor? Mas tem faculdade pra isso?

12- Você faz tradução juramentada? Ué? Por que não?

13- Puxa, você está bem de vida, né?

14- Por que você não arruma um emprego de verdade?

15- E qualquer afirmação/pergunta que envolva coisas como *rapidinho*, *quebrar um galho*, *currículo de primo*, *manual de jogo do playstation*, *para ontem*, *para amanhã*, *asap*, *R$0,03/palavra*, *desconto*, *ajudinha*, *dar uma força*, *bico* e, last but not least, *você pode me passar o seu glossário de termos médicos?*

***

Mas se você, colega tradutor, não quiser se chatear diante de uma pergunta destas, fica a minha sugestão. Peça ao sujeito verter as seguintes frases para o inglês:

1- Tradução não é um bico.

2- Tradução não é bico.

22 de junho de 2012

Enquete (1)

Você envia uma mensagem de e-mail tratando de um assunto que considera importante, e que envolve certa urgência. Não obtém resposta dentro de um prazo razoável. Por qual das seguintes razões?


a. A pessoa não vê a mínima importância ou urgência no assunto. Afinal, “importância” e “urgência” são conceitos relativos.

b. Para esta pessoa, bom é o papo olho-no-olho (ainda que, no seu caso, isso possa implicar um deslocamento de 80 km), ou via telefone em caso de vida ou morte. Consulta a caixa de e-mails uma vez por semana, e olhe lá.

c. A pessoa é das antigas: preferia que você tivesse lhe enviado uma carta, via ECT, no estilo tradicional. Ou mesmo (que charme!) um telegrama.

d. Ela é ultra-moderna: para ela, e-mail é coisa do passado; agora o papo só rola via Facebook, SMS ou quetais.

e. A pessoa sofre da Síndrome das Noivas: deixá-lo à espera dá um charme extra à situação. E com isso, ela se sente valorizada.