22 de dezembro de 2010

Férias

O tradutor e o revisor continuam firmes no batente, mas o blogueiro entra em férias.
Volto na última semana de janeiro, ou a qualquer momento, com um Plantão de Notícias. Até lá.

20 de dezembro de 2010

Caminhos da alma

Natal chegando, e não poderia haver passagem mais adequada que esta para refletir o que anda cá dentro, em relação ao significado das celebrações, do estar junto, da comunhão.

O autor parece estar se referindo apenas ao relacionamento amoroso. Basta ampliar o foco sobre a passagem, e logo se vê que ela se aplica – e de modo brilhante – a qualquer relação humana. Aí vai.

“Many people seem to live the pain of togetherness and fantasize the joys of separateness; or, vice versa, they live a life of solitude and fill their heads with alluring images of intimacy. Bouncing back and forth between these two valid claims on the heart can be a frustrating, endless struggle that never bears fruit and never settles down. In the end, the only answer, as in all matters of soul, is a polytheistic one. Honor both gods, Daphne and Apollo. Pursue and run away. Be lustful and chaste. Wholeheartedly link up with someone else, but just as passionately find your own way”.

Soul Mates – Honoring the Mysteries of Love and Relationship, de Thomas Moore (HarperCollins Publishers, 1994).

17 de dezembro de 2010

Vida?

Medo do escuro. De monstros. Da Cuca, do Homem do Saco ou do policial que, ameaça nossa mãe, virá nos pegar.
Medo de levar bronca. De precisar repetir o ano. De engravidar. Da primeira transa. De não agradar o grupo.
Medo de não achar emprego. De ser despedido. De que falte grana. De não poder garantir um bom futuro para os filhos. De viver na cidade. De se isolar no campo.
Medo de não ter companhia. De ficar entediado. De não achar um parceiro. De ficar solteirona/solteirão. Dos sorrisos e abraços que alguém dá no marido/na esposa. De broxar. De ser traído. De ser abandonado.
Medo da mudança. Dos desafios.
Medo do inferno. Medo de Deus.
Medo do ridículo. De não ter nada de inteligente a dizer. De não ser lido. De não ser ouvido. De ser ignorado.
Medo de adoecer. De acabar no asilo. Do hospital. Da dor física. Da dor na alma.
Medo da morte.
Isso lá é vida?

15 de dezembro de 2010

Cancioneiro (12)

Para quem acaba de chegar, esta série teve início aqui. É prima-irmã da série “Essa é pra tocar no rádio”, que logo voltará, também.

Em tempo: só agora me dei conta de que comecei com Raul, que também inaugura a nova fase...

***

Se esse amor
Ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre, amor
Vai se gastar...

(...)
Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa num altar...

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais...

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar...

“A maçã”, de Paulo Coelho, Marcelo Motta e Raul Seixas. Álbum Novo Aeon, Raul Seixas, 1975.

13 de dezembro de 2010

O ping-pong e a meditação



A palavra “meditação” remete a uma necessária posição de lótus, num retiro espiritual, em completo isolamento. Bobagem: ela pode acontecer em qualquer canto.

Descobri um ótimo espaço para meditar. Cá na varanda de casa.

Jogava ping-pong com um amigo. De início, aquele jogo de comadres, só pra tirar a ferrugem. Minutos depois, o desafio: “Uma partida, a 21?”.

Agora, sim. Bolinha numa velocidade cada vez maior. Tensão e concentração máximas. Bastou ter perdido alguns pontos – e ganhado outros – que logo pintou o insight, uma mini-epifania.

Percebi que quando a atenção é total, e a mente não tem chance de intervir, a probabilidade de conquistar o ponto aumenta de modo vertiginoso, cresce o espaço para a criatividade nas jogadas. O contrário também é verdadeiro: basta o pensamento aparecer, o foco é desviado, e babau: bolinha pra fora, bolinha na rede, o jogo fica mais previsível.

Corre o jogo, e mente nunca fecha a matraca: “Legal, hoje estou bem”, “Putz, preciso tirar essa diferença de pontos”. “Que bela jogada, essa”. “Ops, saque ruim”. O julgamento e as comparações vão surgindo, é o roteiro conhecido.

Basta, porém, tirar dela a oportunidade de tagarelar, para que a partida se transforme no mais belo momento de meditação. Atenção completa. Tão logo o adversário embarca na viagem, ambos passam a rebater com facilidade as cortadas mais violentas. Sem contar a verdadeira inversão de papéis: o oponente se transforma em aliado, já que o foco dos dois é um só, o jogo. A mente é retirada de cena e, com ela, o ego. Sem a interferência do ego, a entrega mútua é completa. Surge espaço para a criação total.

Encontro ecos na frase de um livro: “In order to create, you have to be out of your mind. Literally”. Na passagem para o português, perde-se o essencial: “Para criar, você tem que estar fora de sua mente. Literalmente”. Eis a tradução ao pé da letra. Porém, “out of your mind” tem o sentido de “louco”.

As melhores sacadas – e também os melhores saques – e insights só acontecem quando a mente está quieta. Comum, a situação de ter queimado os miolos com algum problema, e tido a sensação de que nada adiantou: criatividade zero. Silenciada a mente, a solução aparece, cristalina.

Dificuldade de manter o foco? Nós a desatar num trabalho de criação? Vamos lá, qual destas raquetes você prefere?

9 de dezembro de 2010

Astros

Nunca fui muito ligado em astrologia. No máximo, um interesse limitado em numerologia, em razão dos comentários feitos por uma amiga, de quando em quando. Mas nada que me faça comprar livros, pesquisar.

Mas, há alguns meses, recebi a dica de um site. Chamou a atenção, pois quem o indicou é uma pessoa um tanto quanto racional e cética. Bem, se a recomendação vinha dela, é porque tinha coelho nesse mato.

Fui conferir. Os comentários são levados ao ar uma vez por mês. Há vezes em que o índice de acerto desta mulher ultrapassa 90, 95%% (neste dezembro, então, ela me levou a desconfiar que tem alguém espionando minha vida). Não faço ideia de como isso pode acontecer, já que há milhões e milhões de pessoas pertencentes a cada signo. Só sei que acontece.

Como regra, quase nunca leio logo no início do mês. Às vezes, só lá pelo dia 15 ou 20. A ideia é jamais me pautar por aquilo, tocar a vida e pôr o bundão na cadeira, dando prioridade ao que realmente interessa, meu trabalho. Deixar que o site participe da vida como uma mera brincadeirinha.

Enfim, se você quiser brincar junto, o site é este aqui. Se não lê em inglês, taí, excelente oportunidade de ir atrás.

8 de dezembro de 2010

Verbete: arte

“Para mim, a arte é a procura do belo. Encontrar ou não já é outra história”.

Lenine, em entrevista a Patricia Palumbo, em Vozes do Brasil (DBA, 2002).

7 de dezembro de 2010

P.S.

Ôpa, esta veio em minha homenagem, um PS ao post desta manhã.

“Ler um post gigante num blog é como escutar sitar. Depois de 5 minutos, ninguém mais aguenta”.

Do Blog do [George] Harrison, em Blogs do Além (link ao lado).

Sesc Belenzinho

Nasci e cresci na Água Rasa, muito perto da região onde está o novo Sesc.

Em meus tempos de piá, os filmes eram assistidos nos cinemas de bairro. É nítida, a memória do encantamento com as idas ao Cine Vitória (rebatizado depois: Fontana), na Av. Álvaro Ramos, para ver fitas como Ao Mestre com Carinho. Perto dali, na Moóca, o Cine Ouro Verde, que o mano Marcos e eu frequentávamos de quando em quando. No Tatuapé, Rua Emília Marengo, uma outra sala (o nome me escapa; taí, telegrama do Alzheimer), onde assisti a inúmeros filmes de Mazzaropi.

Criança, e mesmo adolescente, batíamos regularmente o ponto no CERET, também no Tatuapé. Clube mantido pelo governo estadual (estará ainda ativo?).

Pouco a pouco, foram minguando as opções culturais e de lazer desta região da cidade. Lembro da tristeza que me deu, ao acompanhar a construção do primeiro grande shopping da zona leste, o Tatuapé. Olhava para o imenso canteiro de obras e pensava: Meu Deus, outro shopping, por que não fazem um centro cultural, um parque nessa região tão carente de verde, por que a prefeitura não coloca freios nessa especulação insana (a cidade ganhará mais três deles, em 2011)?

O lazer e a cultura foram desaparecendo da zona leste. Cinemas foram confinados aos shoppings (onde o olhar desconfiado dos seguranças é o suficiente para que alguns se sintam excluídos). Que outras opções nos restaram, ali? Está certo, temos ainda o Teatro Artur Azevedo, na Moóca, e o Martins Pena, na Penha, ambos da prefeitura. Mas... a quantas andará a programação nestes locais?

Quando soube que o Sesc comprara o imenso terreno na Av. Álvaro Ramos, ex-propriedade de fábrica têxtil Santista, vibrei. Foram cinco anos de obras. Fui conferir o resultado, no dia da inauguração.

Não pretendia dar um tom piegas a este texto, mas me comovi, e várias vezes, ao perambular na nova unidade do Sesc, no sábado passado.

Saltaram aos olhos a generosidade e a enorme diversidade da programação ali oferecida neste fim de semana. Em dois dias, a zona leste deve ter tido mais opções culturais do que em 30 anos (descontemos, obviamente, o que já ocorre há alguns anos no Sesc Itaquera). Se pensam que exagero, perguntem a algum morador da região.

O melhor de tudo é constatar que este espaço fabuloso, com uma infraestrutura invejável, não faz a menor distinção entre os ricos e os sem-tudo. O Sesc cumpre um papel que, em tese, caberia ao Estado, num país em que as opções culturais privilegiam quem tem grana.

Numa cidade em que as pessoas estão acostumadas a se agrupar em “guetos”, onde nosso espírito “cordial” acoberta comportamentos excludentes, o preconceito, e até mesmo um bem-disfarçado racismo, o surgimento de espaços como o Sesc deve ser acolhido com festa.

6 de dezembro de 2010

Boas vindas

Nada como uma mudança. Casa nova, decoração feita sob medida, sem excesso de informações visuais. Tudo o que eu queria.

Tardou, mas pintou o insight de um nome adequado para este recanto virtual. Nome diretamente ligado à minha atividade profissional, mas que sugere outros sentidos.

Sigo dando pitacos sobre os mesmos assuntos. Agora organizados em categorias.

A arte das ilustrações é de Tati Paiva, que sacou o espírito do projeto com perfeição; a criação da página e a preciosa assessoria em TI, de Monica, do Mentes Voadoras.

Bem-vindos, então.