27 de fevereiro de 2011

Drops

1. No Aliás do Estadão de hoje, instrutiva reportagem para quem vive no campo: raios, o tema. Aprende-se lá que o maior número de atingidos são homens (nada de discriminação de gênero; é pura porralouquice dos machos, que se expõem mais), que a temperatura da descarga chega a 30 mil graus e que andar de bicicleta quando os primeiros estrondos começam, lá em cima, é um excelente convite (mais direto e rápido do que os que terminam com RSVP) para ser fulminado. Como já ouvimos relatos, cá perto, de gente que foi literalmente fritada por esta manifestação da natureza, é matéria a ser guardada.
2. Pé de jabuticada. Depois de um ano de produção meia-boca, servindo de mero tira-gosto para a passarada, desta vez a árvore está absolutamente carregada. A partir de agora, verdadeira farra com jabuts, em tudo quanto é estilo. Ueba. A Mulher ficou de botar, em seu blog, a foto do pé. Confiram .
3. Voltamos para casa, noite dessas e, de novo, nada de energia elétrica (leitor já deve estar pedindo: "Eu quero é novidade, neste blog!). Dou uma espiada no céu: forrado de estrelas. Situação que tem certo parentesco com o verso de Tom Zé: "Na vida quem perde o telhado em troca recebe as estrelas". Uma cena - não tenho lembrança de ter visto coisa igual, pelo menos nesta enca(de)rnação - que não se descreve. É como um moteto de Bach, uma canção de Marcio Faraco ou um parágrafo de P.G. Wodehouse (no original; por algum motivo, a tradução deixa de funcionar): há que se passar pela experiência.

24 de fevereiro de 2011

Essa é pra tocar no rádio (9)

Pirão de peixe com pimenta, de Sá e Guarabyra, Som Livre, 1977.

Terceiro álbum da dupla, tirante outros dois discos que lançaram com Zé Rodrix. Aqui surgiram “Sobradinho” e a surradésima “Espanhola”, hit do repertório de doze entre dez cantores de barzinho da Vila Madalena.

Taí um disco que nasceu clássico. São dez canções, daquelas que grudam no ouvido. Curioso que até mesmo o hit mencionado acima, passados alguns anos sem audição, revela rara beleza – decerto, os louros todos vão para a orquestração de cordas de Eduardo Souto Neto. Na faixa-título, ecos da Tropicália, com Rogério Duprat fazendo o belíssimo arranjo (o maestro também colabora no arranjo de flautas de “Coração de Maçã”). Um disco de canções que ora têm um tempero regional, ora cheiro de mato (“Marimbondo”, numa casa em que eles nos fazem companhia, “fazendo o azar sair”, ganha nova vida). “João-sem-Terra” e “Canção dos Piratas” são outras duas de dar arrepio.

É bem provável que, sem que eu me desse conta, começou a brotar dessa fonte o meu encanto pelo canto polifônico. Boa parte das canções abre numa segunda voz, em intervalos de terças e quintas – aspecto tão bem explorado por bandas como 14 Bis e Boca Livre. Um recurso musical simples, e relativamente pouco explorado, sabe-se lá o porquê.

Difícil conseguir a objetividade ao falar de um disco que embalou toda minha adolescência. Da coleção dos que me realimentam a alma.

Em tempo: álbum disponível em formato CD.

22 de fevereiro de 2011

Tribal

A vantagem de morar nestas bandas é a alternância. Num dia, falta luz. No outro, necas de internet. No seguinte, o celular não tem sinal. Noutro ainda, pifa o sistema de captação da água.

Cena inédita, hoje. Foi como a canção dos Titãs, Tudo ao mesmo tempo agora.

Nossa sorte é que, previdentes, temos um potente djembê em casa. A leitora de meia idade certamente se lembra do gibi do Fantasma: ao chamarem o herói para uma missão na selva, a comunicação era na base do tum-tum-tum.

Estamos chegando lá, caminhando a passos largos na direção deste estágio. Eita!

20 de fevereiro de 2011

Despedida


Não, o adeus não é meu.

Parece maldição. Na música popular, isso já virou lugar-comum: basta que o artista atinja o auge de seu momento criativo, para nos deixar. Complô dos deuses? Raul Seixas, Elis Regina, Cazuza, Itamar Assumpção, Rodrigo Rodrigues são alguns dos inúmeros exemplos.

Rolou agora na blogosfera. José Geraldo Couto, (ex?) colunista da Folha, acaba de jogar a toalha. Crítico de texto denso e cristalino, e muitas vezes iluminador, escrevia num dos espaços mais arejados da internet, um dos raros em que se via uma genuína interação entre leitores e blogueiro, via caixa de comentários. Uma constante, ali, as contra-argumentações e réplicas, sempre num tom civilizado. Destaque para a generosidade de Zé Geraldo, que não deixava de dar atenção nem mesmo às críticas mais descabidas, daqueles que, em geral, precisam comunicar ao mundo sua carência de holofotes.

Ao partir, nos deixou esta imagem, que, como bem disse, “resume o encanto do cinema”. Partilhando com vocês, antes da (lamentável) retirada do link ao lado.

18 de fevereiro de 2011

Tradução e concisão

Volta e meia, o tradutor empaca diante de uma frase. Trechos em que a concisão, tão característica do inglês, é levada ao limite extremo. Reparem no conselho dado pelo autor, no livro que traduzi (no prelo, aviso quando sair):

“Não selecione candidatos baseado em testes psicotécnicos. Try likeability first”.

É quase poesia, isso. No quesito concisão, claro. Três palavras. Como dizer tal frase de modo tão enxuto?

Lembrei da propaganda de cerveja que tem “churrascabilidade" e deu ganas de seguir o mesmo caminho. Mas loguinho caí na real: não sendo redator publicitário e tampouco poeta, joguei a toalha, fazendo uma paráfrase.

Nessas horas é que vejo como meu texto precisa de uma boa lipo.

16 de fevereiro de 2011

Menos é (?) mais


Cartum de André Dahmer

14 de fevereiro de 2011

O putz-putz e a jam session

Eles aparecem de quando em quando. Em média, uma vez a cada dois meses. Mas quando chegam, vêm com tudo. Falo de um vizinho nosso, cujos convidados curtem o som das baladas. Nestas, a trilha sonora é house, acid, algo assim. Não sei definir, mas uma onomatopeia que a define bem é o putz-putz. Música que raramente é tocada num volume menor do que o 15.

Mulher, Filhote, um casal de amigos e eu brincávamos num jogo de tabuleiro, quando o “bate-estacas” começou a subir o morro. Teste de resistência para os tímpanos.

Desta vez, porém, eles não contavam com um revide musical. Na varanda, nosso arsenal: atabaque, djembê, violão, reco-reco, agogô e maracas.

O putz-putz não dava sinais de trégua. Súbito, apenas nos entreolhamos. Era o momento. Enfileirados os instrumentos, mandamos brasa. Liderados por Fabiano, na percussão, engatamos um ijexá, produzindo uma massa sonora que deve ter espantado até mesmo o casal de tucanos, habituês do pedaço. Era nossa primeira vez juntos, mas era como se tocássemos há anos. Uma jam na roça.

Deu certo: da banda de lá, o silêncio. Dali em diante, som tocado em um volume civilizado.

Nada como um bom diálogo musical.

11 de fevereiro de 2011

Um novo tsunami

O ciclo se repete: termino um projeto e, quando a mente é tomada pela primeira – ainda pálida – sombra de preocupação sobre eu ter ou não trabalho para as semanas seguintes, plim! Minha caixa de e-mails registra a chegada de uma mensagem. Um novo desafio cai no colo do tradutor. E esse é dos quentes.

O plano é continuar na mesma toada, três posts semanais, em média. Mas se acontecer de eu submergir, não estranhem.

9 de fevereiro de 2011

Mais um artigo

Na revista Língua Portuguesa (Ed. Segmento) de fevereiro, novo texto meu, na seção Obra Aberta. Desta vez, a canção sob a lupa é Folia no Matagal, marchinha de Eduardo Dusek e Luiz Carlos Góes, que fez sucesso na voz de Ney Matogrosso nos anos 80.

Uma brincadeira, no sentido que Macunaíma dava à palavra.

Assinantes do UOL têm acesso gratuito ao texto, aqui.

PS: Para os que curtem uma experiência multimídia, aqui está o clip com Ney Matogrosso. Simplesmente duca.

8 de fevereiro de 2011

A língua nas escolas. Ou: "Eu odeio Português!"

1. “Vocês devem ter lido que minhas empresas demitiram 1.900 funcionários no último mês. São os reflexos imediatos da crise. Acabou a fantasia. Há um mundo bem pior, todo feito pra você”. (Blog do Walt Disney).
2. “Gosto de roçar minha língua na língua de Caetano Veloso. Mas sou espada”. (Blog do Camões).
3. “O Aldo Rebelo sugeriu que eu fizesse micropostagens numa rede de relacionamentos chamada Gorjear. Mas eu não entendi bem o que ele quis dizer com isso”. (Blog do Aurélio).
4. "Sobre o blog. Serve para reunir o que estava disperso e dar um corpo
às minhas ideias”. (Blog do Tiradentes).
5. “Uma vida não suscetível de exame não vale a pena ser vivida.
Cunhei essa frase para um laboratório de análise. Mas como socrático não pude cobrar”. (Blog do Sócrates).
6. “Comecei este diário virtual para registrar memórias involuntárias, provocadas pela ingestão de um ovo de padaria”. (Blog do Proust).

A coletânea de frases acima é retirada do site Blogs do Além (ver link ao lado). Me ocorreu fazer esta mini-compilação ao deparar com alguns exercícios da tarefa de casa de meu filhote, para suas aulas de Língua Portuguesa. Impressão de ter sido catapultado para meus bancos escolares de 30 anos atrás: praticamente não há diferença entre o que fazíamos na época, e hoje. Até mesmo o pronome “vós” continua sendo usado. Em frases descontextualizadas, claro.

O material acima serve de contraponto ao conteúdo do livro didático de nossos dias. Seja na mídia impressa ou na internet, há um manancial de textos à disposição dos professores, e que poderiam ser trabalhados em sala. Expressões de duplo sentido, referências literárias, históricas, ao cinema e ao nosso cancioneiro, a polissemia das palavras, a intertextualidade (comunicação entre diferentes textos), os neologismos: está tudo ali, e explorado por meio do humor. Melhor ainda: tudo gratuito, a poucos cliques do internauta.

Não faz muito tempo, eu dava aulas de reforço de português a um aluno quando ele me pediu que fizéssemos a revisão do conteúdo da prova em que não tinha se saído bem. Uma questão exigia o conhecimento da função sintática das palavras em itálico:
1. O candidato que tinha 35 anos foi eleito.
2. O candidato, que tinha 35 anos, foi eleito.

Ele não tinha a mais remota ideia de estar diante de um adjunto no primeiro caso; de um aposto, no segundo. Mas tinha uma habilidade que falta a muitos: a capacidade de ler. Espremeu a letra no espaço reservado para a resolução, explicando com precisão a diferença de sentido entre as frases. A atitude da mestra, qual foi? Considerou errada, a resposta!

E assim continua a caça aos Objetos Direto e Indireto, às Orações Transitivas Diretas e quejandos. Afinal, mais dia menos dia, a atendente da padaria pode perguntar ao seu filho do Ensino Médio/Fundamental se o “Tipo A” do litro de leite que ele está comprando é adjunto adnominal ou coisa que o valha. É preciso estar atento e forte.

7 de fevereiro de 2011

Releituras

Há alguns meses, neste post, levei ao ar uma lista de regravações. Releituras cujos arranjos passaram por transformações, às vezes radicais. Uma maneira de demonstrar respeito ao ouvinte, numa época em que “café requentado” é o que mais se serve, musicalmente falando.

Aqui vai uma segunda listinha.


1. “Manhã de Carnaval”, de Antônio Maria e Luiz Bonfá. Por MPB-4. Álbum 10 anos depois, 1975.
2. Paixão e fé”, de Tavinho Moura e Fernando Brandt. Por Simone. Álbum Face a face, 1977.
3. “Billie Jean”, de Michael Jackson. Por Caetano Veloso. Álbum Caetano Veloso, Gravadora Nonesuch, 1986.
4. “O que é o que é”, de Gonzaguinha. Por Zizi Possi. Álbum Sobre todas as coisas, 1991.
5. “Modinha”, de Rita Lee. Por Ná Ozzetti, Álbum Love Lee Rita, 1996.
6. “Disritmia”, de Martinho da Vila. Por Zeca Baleiro. Álbum Vô Imbolá, 1999.
7. “Tanta saudade”, de Djavan e Chico Buarque. Pelo Grupo Vocal BR-6. Álbum MPB A capella Vol. II , 2006.
8. “Onde a dor não tem razão”, de Paulinho da Viola e Elton Medeiros. Por Izabel Padovani. Álbum Desassossego, 2006.
9. “Teco-teco”, de Pereira da Costa e Milton Vilela. Por Mariana Baltar, Álbum Mariana Baltar, 2010.
10. "Vou festejar”, de Jorge Aragão, Noeci Dias e Dida. Por Arnaldo Antunes. Álbum Ao vivo lá em casa, 2010.

4 de fevereiro de 2011

BBB

Uma crônica antiga, de Castelo, bastante apropriada para o momento. Um post dedicado a Andrea Del Fuego.

A casa dos existencialistas

E se, num delírio fantasioso, o BBB fosse formado apenas por filósofos contemporâneos?

DOMINGO

Husserl está particularmente nervoso hoje. Sartre o irrita, a todo momento, gritando que seu conceito de transfenomenalidade estaria furado. Heidegger procura acalmar Husserl, mas este está enfurecido demais para ouvi-lo. O saco de pancadas passa a ser Hannah Arendt. Husserl diz, aos brados, que ela não entende – na essência – o conceito de arte analógica exposto na Estética, de Hegel.
Na copa da casa, completamente nu, Husserl grita o título do livro em alemão para pirraçá-la (Vorlesungen über die Ästhetik!, Vorlesungen über die Ästhetik!). Hannah, humilhada, chora nos braços de Heidegger. Sartre, juntamente com Foucault, começa a xingar Heidegger de nazista. Nem mesmo a intervenção de Peirce – que estava trancado no sótão há dias escrevendo para um colóquio em Berlim – evita que Heidegger esbofeteie Sartre e seja surrado por Foucault e Merleau-Ponty.
O Ibope vai às alturas.

SEGUNDA-FEIRA

Merleau-Ponty é eliminado da casa.
Sartre e Simone preparam um macarrão à bolonhesa para o almoço. Tudo está calmo, Husserl joga tranca com Peirce; Foucault toma banho de roupa. É quando vêm os gemidos do quarto maior. Logo depois gritos, quase uivos. Todos se levantam e vêem o inevitável. Hanna e Heidegger transam no beliche, debaixo de um lençol branco. As câmeras logo se deslocam para lá e mostram tudo. Heidegger tenta esconder o fato dizendo que a subjetividade é atrelada a um conceito ontológico e difere da realidade por razões imanentes.
Sartre procura ridicularizar Heidegger, mas Peirce começa a falar sobre vindicação do processo indutório e todos se dispersam pela casa.

TERÇA-FEIRA

Curiosamente Peirce e Husserl são eliminados do programa, em vez de Hannah e Heidegger. Parece que a ligação física dos dois aumenta a audiência. Husserl se queixa à direção da emissora. Ele acreditava piamente que sairia vencedor recebendo a coleção "Tesouro da Juventude" no final.

QUARTA-FEIRA

Foucault tem um surto. Depois de ler por 48 horas uma tese sobre a dialética da metafísica em Frege, repentinamente arranca o pêndulo do relógio da sala (o tiquetaque irritante foi o detonador da loucura) e sai com ele nas mãos, agredindo Sartre, Simone, Hannah e Heidegger – que continuavam fazendo sexo e estudando Fenomenologia sem parar.
Foucault, amarrado a uma camisa-de-força, é eliminado do programa.

QUINTA-FEIRA

Heidegger e Sartre ficam na sala jogando xadrez. Hanna e Simone vão tomar banho de sol na piscina. Heidegger e Sartre empatam a partida. A audiência cai pela metade. O público deseja cenas de maior intimidade entre os filósofos. O diretor do programa pede que Simone e Hannah se dispam durante o banho de sol. Ou então que Heidegger simule homossexualismo tardio e se insinue para Sartre. Todos discordam. Heidegger e Hannah são eliminados.

SEXTA-FEIRA

Depois de ler trechos de Schopenhauer no banheiro, Sartre tenta suicídio. Sobem oito pontos na audiência. Simone é eliminada.

SÁBADO

Sartre fica sozinho na casa e vence o jogo. Recebe a cobiçada coleção "Tesouro da Juventude" e promete lançar em breve o CD "O Inferno são os Outros", que será vendido nas bancas a preços populares.

2 de fevereiro de 2011

Uma entrevista: Carlinhos Brown

“A sociedade brasileira quer, mas ao mesmo tempo tem medo de perder o cabide. Tem um pensamento assim: se nós tivermos uma sociedade de baixo poder aquisitivo escolarizada, educada, quem vai cozinhar pra mim?, quem vai ser a babá? Lá fora você não acha babá, babá lá é baby-sitter e custa 5 mil dólares".

Tirado de uma longa entrevista de Brown. Na íntegra, aqui.

Em tempo: ontem mesmo, no supermercado, assistindo ao garoto afoito, tentando empacotar sozinho as compras de todos os fregueses, me veio a lembrança de que na França e na Inglaterra eu não contava com essa mamata. Tampouco com frentistas em posto de gasolina.

1 de fevereiro de 2011

A cruzada anti-homeopatia

Reportagem do Estadão de 30/01 (pg. A-36) informa que neste sábado haverá um protesto de grupos anti-homeopatia, em mais de 50 cidades do mundo. Diz o sub-título da matéria principal: “Protesto (...) pretende denunciar o desperdício com polêmica terapia”. Manchetes dos dois outros textos: “Mãe de publicitária chegou a tratar tumor com terapia” e “Nas faculdades, cai o interesse pela disciplina”.

Não é preciso ser perito em análise do discurso para perceber para que lado está pendendo a reportagem. Ela corrobora a tese de alguns (entre os quais, gente famosa, com quadro no Fantástico) de que os pacientes que se tratam com homeopatia estão sendo tapeados, tomando “água com açúcar”.

Meu filho de 14 anos ilustra minha opção pessoal pela homeopatia. Incontáveis, as madrugadas que tivemos de levá-lo ao P.S. dos hospitais, com crise de bronquite. Inalação, antibióticos etc, tomou isso durante muito tempo. Até que decidimos começar o tratamento com homeopatia, 4 anos atrás. Há cerca de 3 anos ele não tem crises. A médica que trata dele me fora indicada por uma mãe cujos filhos se trataram de doenças respiratórias graves. Água com açúcar? Fé cega?

Embora a matéria do jornal se mostre tendenciosa, ela merece um crédito importante. Em negrito, no final da página, traz a defesa de Carlos Fiorot, presidente da Associação Médica Homeopática Brasileira: “O debate que se tem de fazer não é se a homeopatia é científica, e sim o que é a ciência e a serviço de quem ela está”.

Na mosca, a declaração. O Estadão, que tem mostrado uma nítida disposição a investir em matérias mais longas, e que demandam tempo, prestaria um enorme serviço à comunidade, fazendo o resto do trabalho: dar uma maior atenção ao outro lado, dedicar o mesmo empenho (e espaço) à homeopatia e seus benefícios. Deixar de fazê-lo só faz alimentar a suspeita de que há tubarões do universo da alopatia intere$$ados na publicação de tais matérias.