28 de junho de 2012

Quinze coisas que você jamais deve dizer a um tradutor


O texto original, em inglês, circulou pelo Facebook, e Madame Min fez a gentileza de traduzir. Roubo dela, pois coisas desse tipo têm de circular.

***

Dez coisas que você jamais deve dizer a um tradutor


1- Tenho um parente que estudou fora seis meses. Vou pedir para ele traduzir esse texto.

2- Por que estudar para ser tradutor quando se pode simplesmente usar o Google Translate?

3- Estudei *língua x,y,z* no ensino médio e queria trabalhar como tradutor.

4- Por que você tem tantos dicionários? Um só não bastava?

5- Demora tanto assim traduzir esse texto? Nem é tão grande assim!

6- Você só sabe três línguas?

7- Por que você não estuda (estudou) *língua x,y,z*?

8- Então você trabalha como tradutor em casa? E isso é emprego?

9- Então você é tradutor... Você faz tradução simultânea, né?

10- O que significa *palavra x,y,z*? Você é tradutor, devia saber!

Ela acrescenta (com o meu endosso):


11- Tradutor? Mas tem faculdade pra isso?

12- Você faz tradução juramentada? Ué? Por que não?

13- Puxa, você está bem de vida, né?

14- Por que você não arruma um emprego de verdade?

15- E qualquer afirmação/pergunta que envolva coisas como *rapidinho*, *quebrar um galho*, *currículo de primo*, *manual de jogo do playstation*, *para ontem*, *para amanhã*, *asap*, *R$0,03/palavra*, *desconto*, *ajudinha*, *dar uma força*, *bico* e, last but not least, *você pode me passar o seu glossário de termos médicos?*

***

Mas se você, colega tradutor, não quiser se chatear diante de uma pergunta destas, fica a minha sugestão. Peça ao sujeito verter as seguintes frases para o inglês:

1- Tradução não é um bico.

2- Tradução não é bico.

22 de junho de 2012

Enquete (1)

Você envia uma mensagem de e-mail tratando de um assunto que considera importante, e que envolve certa urgência. Não obtém resposta dentro de um prazo razoável. Por qual das seguintes razões?


a. A pessoa não vê a mínima importância ou urgência no assunto. Afinal, “importância” e “urgência” são conceitos relativos.

b. Para esta pessoa, bom é o papo olho-no-olho (ainda que, no seu caso, isso possa implicar um deslocamento de 80 km), ou via telefone em caso de vida ou morte. Consulta a caixa de e-mails uma vez por semana, e olhe lá.

c. A pessoa é das antigas: preferia que você tivesse lhe enviado uma carta, via ECT, no estilo tradicional. Ou mesmo (que charme!) um telegrama.

d. Ela é ultra-moderna: para ela, e-mail é coisa do passado; agora o papo só rola via Facebook, SMS ou quetais.

e. A pessoa sofre da Síndrome das Noivas: deixá-lo à espera dá um charme extra à situação. E com isso, ela se sente valorizada.

12 de junho de 2012

Dia dos Namorados

Pra mim, sempre foi um mistério que alguém, num dia como o de hoje, fique choramingando pelos cantos por não ter ao lado um(a) pombinho(a). Sofrer de amor pela perda do(a) amado(a)? Tão misterioso quanto.


Eis que, relendo um livro de P. G. Wodehouse, deparo com um trecho oportuno, verdadeiro bálsamo pra quem leva esse tipo de coisa a sério. Nele, Reggie, o narrador, reencontra sua ex-namorada, anos depois. Compartilhando com vocês (texto original: livro sem tradução para o português).

‘Well, fancy meeting you here, Reggie!’

I saw this was the right attitude. After all, the dead past is the dead past. I mean to say, the heavy stuff was over between us. At the time when she had severed relations, the thing had, of course, stuck the gaff into me to quite a goodish extent. I won’t say that I had not been able to sleep or touch food, because I’ve always slept like a log and taken my three square a day, and not even this tragedy could break the habit of a lifetime, but I certainly had felt a bit caught in the machinery. Sombre, if you know what I mean, and unsettled, and rather inclined to read Portuguese Love Sonnets and smoke too much. But I had got over all that ages ago, and we could now meet on a calm, friendly footing.

Laughing Gas, de P. G. Wodehouse, Penguin Books, 1936.



4 de junho de 2012

Na varanda


“Esse blog só tem texto, texto e mais texto... Nada de imagens?” Não se desespere, leitora: temos agora uma bugiganga eletrônica que faz umas fotos beeem bacaninhas. O melhor de tudo é que o fotógrafo não precisa entender xongas do riscado, que a foto sai ótima. Voilà, uma pequena amostra de nosso recanto.

1 de junho de 2012

De árvores e bichos

Entre um capítulo e outro do livro que estou traduzindo, dou uma voltinha pelo terreno. Os limoeiros estão absolutamente carregados, haja musse de limão e salada pra temperar. O abacateiro tampouco dá trégua: e dá-lhe vitaminas, saladas etc. Mulher e eu já estamos ganhando um tom de pele meio esverdeado. Os dois pés de mexerica, também quase arreando. Dizemos aos vizinhos: entrem, sirvam-se, podem se lambuzar. Em vão. A passarada chega na frente.


Chego perto do abacateiro, ouço um inconfundível farfalhar de folhas, vou ver... é uma cena inédita: quatro tucanos bailando, pra cá e pra lá. Paro para observar durante cinco looooongos minutos. Dois deles fazem seu lanchinho, traçando os frutos que só poderíamos catar com escada de bombeiro.

Ainda o Mundo Animal. Borboletas, saíras, quero-queros, beija-flores e tucanos: nunca eles estiveram a uma distância tão curta de mim, como nestes últimos meses. Cá pra mim, isso tem um significado que está longe de ser coisa rasa. E que não se traduz com palavras, é preciso sentir. Mas paro por aqui, para não estragar o post, tentando dar explicações racionais ao que a vida tem de melhor: os mistérios.