27 de julho de 2011
Erros criativos
Texto recente de Braulio Tavares sobre erros de leitura – “Missa dos Infernos” em vez da placa verdadeira, “Missa dos Enfermos”, “Desajuste ama”, em vez de “Jesus te ama” etc – trouxe à baila uma cena que deve acontecer diariamente, em tudo quanto é canto.
Ainda mais saboroso é quando os erros de leitura se combinam com os de audição, contaminando a linguagem cotidiana. Você certamente conhece alguém que more numa casa germinada, que numa determinada situação tenha matado dois coelhos com uma caixa d’água, que tenha distraído o dente, que esteja furando um poço cartesiano, e por aí vai.
Minhas leituras erradas rolam, sobretudo, com sinopse de filmes na tevê. Nada que um bom detergente aplicado à lente dos óculos não resolva. Mas dia desses pintou uma leitura curiosa. Cena: dentro do ônibus, perto de Itapecerica. Vejo pintado no muro ao longe, à beira da estrada: “FORRÓ PUC”. Bacana, forró universitário está - ou esteve? - na moda, afinal. Mas, logo da PUC, com as Perdizes a mais de 40 kms de distância? Terão aberto um campus novo por aqui?
Foi quando “esqüintei" (leia assim mesmo, com trema; inventei agora: hélas, o português não tem verbo tão bom quanto squint) pra ver melhor. “FORRO PVC”.
Luis G.
|
às
18:36
|
Marcadores:
língua
Enviar por e-mail
Postar no blog!
Compartilhar no X
Compartilhar no Facebook
25 de julho de 2011
Amy
Dizem que era uma baita cantora, com um tremendo repertório. Dizem que só queria chamar a atenção. Que já estava ladeira abaixo, em sua carreira. Dizem isso e mais um monte de coisas.
Grande e injustiçada artista ou apenas mais uma carreira (sem trocadilhos) meteórica?
Sei lá, só sei que passou em branco, pois nunca a ouvi mais gorda. Eu deveria?
Luis G.
|
às
16:58
|
Marcadores:
música popular
Enviar por e-mail
Postar no blog!
Compartilhar no X
Compartilhar no Facebook
21 de julho de 2011
Meia-noite em Paris
De novo, saí de casa sem ler as resenhas. Tinha só a informação de que, diferentemente dos filmes anteriores, a audiência deste filme de Woody Allen tinha subido 12% de uma semana pra outra.
Com menos de 5 minutos, Paris sendo mostrada de vários ângulos, e o jazz onipresente dos filmes do diretor, o filme interno já operava a mil: reconheço esquinas por onde volta e meia eu circulava, lá se vão 15 anos.
Lá pelo meio do filme, um fato inédito pra mim. Uma cena (não digo qual) me leva às gargalhadas (contidas) e me toca profundamente, ao mesmo tempo.
As luzes se acendem, fico até o final dos créditos, ainda numa espécie de transe. No fundo da sala, a funcionária espera nossa saída, com um quê de impaciência. Flashback, ali, para a adolescência, época que eu poderia simplesmente ficar na poltrona, esperando a sessão seguinte. Nunca quis tanto ficar ali, quanto desta vez.
Já na rua, quase no modo automático, a mão vai para o bolso, para ligar o celular. Súbito, paro e mudo de ideia. Tenho flashes da época em que ninguém poderia me encontrar na rua: telefone, somente os fixos, ou então nos orelhões. Deixei desligado. Uma ligação qualquer (e alguém certamente ligaria: era o meu aniversário) acabaria com o encanto, me arrancaria daquele clima, em que eu mal conseguia articular uma frase. Numa hora como esta, ter o silêncio respeitado pelo outro é verdadeiro bálsamo. A volta ao mundo real foi arrastada, demorada.
Gil, o protagonista, viaja ao passado. Fui junto, várias vezes. O mais bacana: voltei completamente em paz.
Luis G.
|
às
18:29
|
Marcadores:
cinema,
sincronicidades
Enviar por e-mail
Postar no blog!
Compartilhar no X
Compartilhar no Facebook
20 de julho de 2011
Flip: final
Nos dias da Festa, hordas por todo lado. Mas bastou caminhar um pouco mais, para ter esta visão do Éden. E, dando um toque final ao meu pasmo: sem música ambiente.
Luis G.
|
às
08:48
|
Marcadores:
viagens
Enviar por e-mail
Postar no blog!
Compartilhar no X
Compartilhar no Facebook
18 de julho de 2011
Flip 3: Autor e obra
Há escritores que encontro pela primeira vez, e a partir do bate-papo, nasce uma enorme curiosidade de ler um livro de sua autoria. Com outros, é exatamente o contrário: a indiferença pré-encontro se transforma numa decisão obstinada de não ir atrás de suas obras. Há ainda os casos em que é melhor se limitar à leitura da obra do autor (degustar o foie gras sem querer conhecer o ganso), pra não correr o risco de espatifar o encanto.
Fato é que meu caso pessoal embaralha qualquer moral: provei o patê e fui atrás da gansa. E deu no que deu.
Luis G.
|
às
15:45
|
Marcadores:
viagens
Enviar por e-mail
Postar no blog!
Compartilhar no X
Compartilhar no Facebook
14 de julho de 2011
Flip 2: O meio-campo
Num evento literário com pelo menos dois participantes, o mediador é “o cara”. O sucesso ou o fracasso de uma mesa pode estar em suas mãos. Isso porque, às vezes, a conversa, por uma série de motivos inexplicáveis, acaba acontecendo com o freio de mão puxado. Faz toda a diferença, neste caso, quem está no meio: sua empatia com quem está conversando, em que medida se preparou para o evento, o elemento-surpresa que acrescenta a uma ou outra pergunta, fugindo ao roteiro pré-estabelecido... é neste momento que a habilidade do profissional fica escancarada.
Mediação refinada acabou tendo a Mulher, na mesa de que participou, com Suppa (ilustradora). Bia Hetzel, editora da Manati, foi o Paulo Henrique Ganso da FlipZona (versão Flip para os teens): mostrou perfeita visão do jogo, distribuiu passes (colocando a plateia/torcida na roda), não deu a nenhuma das duas o monopólio da palavra, levantava a bola redondinha para ambas. Um primor.
Outra escolha precisa foi a de Rodrigo Lacerda para entrevistar João Ubaldo Ribeiro. Patente, a intimidade entre ambos, nada de forçado, um deleite de papo. Um dos melhores momentos da Festa.
Luis G.
|
às
08:31
|
Marcadores:
viagens
Enviar por e-mail
Postar no blog!
Compartilhar no X
Compartilhar no Facebook
13 de julho de 2011
Flip (1)
Mesa com Bartolomeu de Queiroz e Ana Maria Machado. “Bartô”, como é conhecido, faz dois comentários fundamentais. Faço uma paráfrase deles: 1) a literatura é um espaço de liberdade; o grande problema é que esta liberdade não existe na escola de hoje; esta se caracteriza pelo dever, pela obrigação, pela necessidade de medir resultados, o tempo todo. Dentro deste espaço, a literatura, essencialmente livre, fica sufocada; 2) há os leitores para consumo interno e os leitores para consumo externo; os últimos sempre “fazem” algo com aquilo que consomem, usam isso para impor seu saber e sua autoridade sobre os demais.
É de lamentar, o fato de a conversa entre tais autores (e estas ideias) ter sido limitada a um evento da Casa de Cultura local. Embora seja assunto de “gente grande”, não há na Flip um espaço específico para ele. Uma pena, pois: a) é uma discussão que obviamente não se limita ao público consumidor de livros infanto-juvenis (grande parte da plateia era formada por professores da rede), e que poderia muito bem ser tema de um dos eventos principais da Flip, na Tenda dos Autores; b) com isso, é aprofundado o abismo entre os diferentes públicos, uma divisão alimentada pelo preconceito ainda existente, em relação àqueles que “escrevem estes livrinhos para criança”.
Luis G.
|
às
09:47
|
Marcadores:
viagens
Enviar por e-mail
Postar no blog!
Compartilhar no X
Compartilhar no Facebook
12 de julho de 2011
Digerindo
Festa acabada, músicos a pé...
Cinco dias no meio das hordas. Interagindo, vendo palestras, ouvindo, registrando cenas. Para quem sai da roça e vive isso, a sensação é a de ter traçado uma feijoada completa, e repetido o prato.
À digestão, pois. Deixar isso tudo decantar e, em alguns posts, registrar apenas o essencial. Licencinha, vou lá engolir um engov e já volto.
Luis G.
|
às
10:37
|
Marcadores:
viagens
Enviar por e-mail
Postar no blog!
Compartilhar no X
Compartilhar no Facebook
4 de julho de 2011
Em trânsito
Saio da réplica de iglu que virou nossa casa no campo, e caio numa Sampa ainda mais gelada. “Vocês brasileiros não levam o inverno a sério, principalmente quando constroem suas casas”, o sábio comentário de um europeu.
Mas é um bater de dentes transitório. Na 4ª, sigo para Paraty, onde a Mulher e eu acompanharemos a Flip e a Flipinha.
Quem sabe, de outra latitude e rodando sobre paralelepípedos, este blog engata uma segunda marcha?
Luis G.
|
às
13:16
|
Marcadores:
vários
Enviar por e-mail
Postar no blog!
Compartilhar no X
Compartilhar no Facebook
Assinar:
Postagens (Atom)