17 de fevereiro de 2012

De escolas e penitenciárias

Faz pouco tempo que atinei pra essa mudança. Na época em que filhote passou para a 5ª série. Ao observar o padrão de comportamento do sono de uma pessoa em fase de crescimento, você nota que à medida que seu corpo cresce, as horas e qualidade de seu sono passam a ser cada vez mais importantes (lembro hoje de minhas siestas de looooongas horas, durante toda a adolescência; meus pais, um casal iluminado, me poupavam das trocentas atividades "extra-curriculares", que me "preparariam para o futuro". Intuíram: fora da escola, "o cara precisa brincar".) Pois bem. O sujeito completa 11 anos, e o que decidem os sábios responsáveis pelo sistema educacional? O aluno, que até então estudava no período da tarde, tem o horário invertido: deve agora madrugar. Enquanto isso, os menores entre 4 e 10 anos pulam da cama com toda a energia do mundo às 6h da matina, para fazer o quê, até a hora de ir para a escola? Nada, claro, a não ser azucrinar os pais.


São provas suficientes de sadismo, ou você quer mais exemplos? Tem mais.

Neste “segundo lar” (há quem use tal expressão, ainda?), o aluno convive, durante 11 anos, com um léxico pra lá de revelador. Alguns exemplos: disciplina, inspetor, delegacia (de ensino), grade (curricular). Não é uma beleza, a semelhança com o vocabulário das prisões? Se contratar alguns carcereiros e permitir aos detent... ops, aos alunos a fabricação de terezas, se instalar algumas redes eletrificadas por cima dos muros (em muitos casos, a altura já é adequada) e algumas guaritas... voilà, a distinção entre escola e casa de detenção será mínima. E podem contar: não demora, surge alguém dando a ideia de alterar o nome do intervalo, de recreio para hora do banho de sol.

Agora, é torcer pra que não adotem a revista íntima e o uso da tornozeleira.