13 de julho de 2011

Flip (1)

Mesa com Bartolomeu de Queiroz e Ana Maria Machado. “Bartô”, como é conhecido, faz dois comentários fundamentais. Faço uma paráfrase deles: 1) a literatura é um espaço de liberdade; o grande problema é que esta liberdade não existe na escola de hoje; esta se caracteriza pelo dever, pela obrigação, pela necessidade de medir resultados, o tempo todo. Dentro deste espaço, a literatura, essencialmente livre, fica sufocada; 2) há os leitores para consumo interno e os leitores para consumo externo; os últimos sempre “fazem” algo com aquilo que consomem, usam isso para impor seu saber e sua autoridade sobre os demais.

É de lamentar, o fato de a conversa entre tais autores (e estas ideias) ter sido limitada a um evento da Casa de Cultura local. Embora seja assunto de “gente grande”, não há na Flip um espaço específico para ele. Uma pena, pois: a) é uma discussão que obviamente não se limita ao público consumidor de livros infanto-juvenis (grande parte da plateia era formada por professores da rede), e que poderia muito bem ser tema de um dos eventos principais da Flip, na Tenda dos Autores; b) com isso, é aprofundado o abismo entre os diferentes públicos, uma divisão alimentada pelo preconceito ainda existente, em relação àqueles que “escrevem estes livrinhos para criança”.