21 de julho de 2011

Meia-noite em Paris

De novo, saí de casa sem ler as resenhas. Tinha só a informação de que, diferentemente dos filmes anteriores, a audiência deste filme de Woody Allen tinha subido 12% de uma semana pra outra.
Com menos de 5 minutos, Paris sendo mostrada de vários ângulos, e o jazz onipresente dos filmes do diretor, o filme interno já operava a mil: reconheço esquinas por onde volta e meia eu circulava, lá se vão 15 anos.
Lá pelo meio do filme, um fato inédito pra mim. Uma cena (não digo qual) me leva às gargalhadas (contidas) e me toca profundamente, ao mesmo tempo.
As luzes se acendem, fico até o final dos créditos, ainda numa espécie de transe. No fundo da sala, a funcionária espera nossa saída, com um quê de impaciência. Flashback, ali, para a adolescência, época que eu poderia simplesmente ficar na poltrona, esperando a sessão seguinte. Nunca quis tanto ficar ali, quanto desta vez.
Já na rua, quase no modo automático, a mão vai para o bolso, para ligar o celular. Súbito, paro e mudo de ideia. Tenho flashes da época em que ninguém poderia me encontrar na rua: telefone, somente os fixos, ou então nos orelhões. Deixei desligado. Uma ligação qualquer (e alguém certamente ligaria: era o meu aniversário) acabaria com o encanto, me arrancaria daquele clima, em que eu mal conseguia articular uma frase. Numa hora como esta, ter o silêncio respeitado pelo outro é verdadeiro bálsamo. A volta ao mundo real foi arrastada, demorada.
Gil, o protagonista, viaja ao passado. Fui junto, várias vezes. O mais bacana: voltei completamente em paz.