9 de setembro de 2011

Intimidade

As respostas que eu daria, em inglês, às perguntas da imigração alemã estavam pré-formuladas. Ensaiado, o roteiro do que dizer ao oficial de ar sisudo, mas gentil e polido.
Ao desembarcar, a surpresa. O destino era Munique, mas sendo um voo com escala em Madri, o controle se dá na Espanha.
“Hay que sacar los cinturones!”, urrava a oficial espanhola, marchando impaciente de um lado para outro. Meu inocente e casto cinto, vou ter que tirar? Estou magro, afinal; e se a calça cair? Ok, vamos lá.
O oficial me revista, manda esvaziar os bolsos, apalpa aqui e ali. As apalpadelas prosseguem, chegando à região... da virilha. Controlo para não gargalhar, de cócegas. Desconfiava de dólares na cueca? Sei lá. Sei que a verificação foi quase erótica. Melhor nem olhar para o rosto do homem, pensei, vai que é uma paquera.
Aterrissamos em Munique, e cadê o controle de imigração? Nada, portas escancaradas.
A tarefa estará a cargo dos espanhóis por ser uma questão... de pele, um lance assim meio latino? Vá saber.