22 de março de 2012

Cadê o piloto?

1. Você recebe um e-mail de um cidadão que lhe escreve pela primeira vez: “Bom dia, fulano. Como vai você hoje?” Hein?!? Sacode a cabeça: como assim, hoje?. De que planeta estará escrevendo, o indivíduo? Google Translator strikes again.

2. Você é revisor, e na leitura dos textos (teses, artigos de jornal, revista, não importa: tá tudo dominado), depara com uma profusão de maiúsculas nos títulos de livros, CDs e demais obras. Um exemplo, obra de Woody Allen: Tudo O Que Você Queria Saber Sobre Sexo E Tinha Vergonha De Perguntar. A poluição visual o deixa atordoado, e você vai ceifando as letras, uma a uma.

3. Abre sua caixa de e-mails, e lá encontra um, que vai direto ao assunto: “Gostaríamos de saber de sua disponibilidade para um trabalho de tradução etc etc”. (Em geral, a gramática é bem mais manca do que neste exemplo, mas vá lá). Assim, à queima-roupa, sem olá, sem bom dia, nada. Você não é dado a salamaleques, mas a abordagem lhe põe um pulgão atrás da orelha.

4. Entra na padaria da cidade, onde almoça duas vezes ao mês. Vem o garçom: “Já pediu, meu patrão?” Minutos depois: “Aqui está. Mais alguma coisa, meu patrão?”. Ao final: “Obrigado, até logo, meu patrão”. Você tem o ímpeto de dar o aviso prévio ao cidadão. Justa causa.

5. Regularmente, você recebe e-mails de certa pessoa. Pela 30ª vez, ela não acerta a grafia de seu nome. Seu nome tem apenas 4 letras, e invariavelmente ela erra uma delas, o que significa 25% ! E não estamos falando, aqui, de exemplos extremos (e verídicos), como Christyanne.

Alguma destas cenas do cotidiano tira você do sério? Provoca alguma reação em você? Uma gargalhada, pelo menos? Sei não, a impressão é de que a língua está sendo usada no piloto automático.