17 de junho de 2011

Summerhill

Volta e meia recebo, via e-mail, mensagem de pessoas interessadas nesta escola inglesa. Estudantes de Pedagogia, em geral. Isso porque escrevi, no blog antigo, alguns posts sobre minha visita à escola. Aqui, um breve relato, que foi dividido em duas partes.
Summerhill, uma senhora que neste ano completa 90 anos de idade, e com muita energia, ainda é vista como um lugar exótico, como uma experiência isolada dentro de uma ilha, e que não deu certo. Tal imagem, difundida em certos meios acadêmicos e também no mercado editorial, revela um misto de falta de informação e mero desinteresse. Isso porque Summerhill não está sozinha: existe um número crescente de escolas democráticas em todo o mundo, estabelecimentos que apostam e investem na capacidade da criança de tomar decisões, de agir com autonomia e de assumir responsabilidades (curiosamente, a Alemanha é um dos países que abrigam mais escolas desse tipo). A experiência desse tipo de escolas é descrita de maneira mais aprofundada por Helena Singer, no livro República de Crianças (Hucitec).
Em São Paulo, um exemplo vivo deste tipo de ensino não-tradicional é o Instituto Lumiar, que mantém uma escola na capital paulista, e outra em Santo Antônio do Pinhal. Escolas cuja proposta vale muito a pena conhecer, tendo em vista que o idealizador do instituto é Ricardo Semler (recomendo vivamente não só uma visita à Lumiar, como os seus livros e sua coluna quinzenal na Folha. Este livro é um ótimo ponto de partida). Merece especial atenção uma escola da rede pública municipal paulistana: EMEF Amorim Lima, no Butantã – inspirada na concepção da Escola da Ponte, em Portugal (Rubem Alves escreveu este belíssimo livro sobre ela), e com a qual mantém parcerias para o desenvolvimento de projetos.
O ensino tradicional vive uma crise sem precedentes, em grande medida devido à ingênua crença de que se pode manter o mesmíssimo modelo de escola de dois séculos atrás. Porém, experiências como as descritas acima me fazem acreditar na viabilidade de um projeto educacional por meio da escola.
Em tempo: seguem outras dicas preciosas de leitura, não apenas para educadores, mas para psicólogos, pais e qualquer um que se interesse pelo desenvolvimento integral da criança, e que tenha a humildade de reconhecer há muito a ser aprendido com a sabedoria delas.
1.       Quando eu voltar a ser criança, de Janusz Korczak (Summus).
2.      A obra de A. S. Neill, com destaque para o clássico Liberdade sem medo (Ibrasa).
3.      A free-range childhood – Self-regulation at Summerhill School, de Matthew Appleton (que traduzi, mas ainda aguarda publicação), uma excelente referência para quem deseja saber mais sobre a escola fundada por Neill. Neste post, transcrevo breves trechos do livro de Matthew, que trabalhou como houseparent na escola durante muitos anos.
4.      Matéria sobre Neill, publicada na revista Nova Escola, especial Grandes Pensadores (edição de outubro de 2008).