6 de maio de 2011

Cujo


a.      “O irlandês Colm Tóibín, de quem está chegando ao país o romance Brooklyn, fala sobre a experiência da imigração”.
b.      “O irlandês Colm Tóibín, que o romance Brooklyn está chegando ao país, fala sobre a experiência da imigração”.
c.       "O irlandês Colm Tóibín, cujo romance Brooklyn está chegando ao país, fala sobre a experiência da imigração".
Qual das frases acima você acha que foi publicada no jornal (é fato: uma delas saiu no Estadão)?
Se respondeu, sem titubear, letra c, errou. É o que naturalmente se esperaria, já que o “cujo” é o conectivo adequado à norma culta. Estivesse eu na situação de revisor, mui provavelmente faria a sugestão de alterar, na forma da frase c.
Porém...
O redator do jornal optou pela alternativa a. Eis um simples reflexo do destino que “cujo” vem tomando na língua, o mesmo do Tiranossauro Rex. Da língua oral, ele praticamente desapareceu. Na escrita, ainda resiste, mas agonizando.
O fato de um jornal com a tradição do Estadão trazer uma construção como essa aponta para um sinal interessante, de novos ares na língua.
Em tempo: a frase b lhe soa estranha? Bem, é como falariam zilhões de brasileiros, na linguagem cotidiana.