16 de maio de 2011

Dos mistérios

Por um instante, coloque-se em meu lugar, caro leitor. Você termina de assistir a um filme, na tevê. Ainda sob o efeito da última cena, ao som de Cole Porter, muda de canal, indo direto pra TV Cultura. Na tela, dá de cara com uma mulher, na varanda da sua casa, falando sobre a obra literária dela e... sobre você.

Cena no estilo Big Brother, não lhe parece?

Breve flashback. Sábado à noite, releio trechos de “Conversations with Woody Allen”. Aumenta a vontade de ver alguns filmes dele, de rever outros. Na tarde do dia seguinte, zapeando pela programação, me dou conta que passarão dois de Allen, A era do rádio e Anything Else. Escolho o segundo.

Última cena do filme, o jovem escritor está no táxi, e o motorista, ao deparar com o rapaz falando sozinho, diz “O quê?”. Resposta: “Nada não, só estava pensando como a vida é cheia de mistérios”.

Foi quando zapeei e dei de cara com a Mulher. Programa Entrelinhas, gravado há alguns meses, cá na roça. Em depoimento intercalado com outros escritores, revela ao público o seu primeiro leitor (baita privilégio, o desse cara, você não calcula).

Uma “sinc” saborosa, que mereceu celebração com um golinho de vinho do Porto.