18 de abril de 2011

Da escola, de síndromes e quetais

Não basta que o cidadão padeça durante seis horas diárias no banco escolar. (Eu disse “seis”? Por enquanto, pois a moda que começa a pegar é escola em tempo integral. Quanto mais longo o período em que os pais puderem estacionar os filhos, melhor). Seis horas é pouco: é preciso mantê-los ocupados, fora da escola. E dá-lhes um caminhão de tarefas (além do judô, inglês, computação, natação, teatro e do escambau), até mesmo nas férias.

Você completa 11 anos, entra na fase em que, biologicamente falando, o corpo pede mais horas de sono. É quando... zás! Uma cúpula de burocratas decide que, a partir de agora, 5ª série, você passará a estudar pela manhã, acordando às 6 da matina.

O quê, exatamente, motiva a insanidade destas duas situações? Primeiro palpite: sadismo (com toques de vingança); o discurso, você já conhece: “eu sofri, foi bom para mim, agora é a sua vez”. O segundo: a Síndrome da Pequena Autoridade (SPA), que acomete não apenas professores e pedagogos, mas gente muito comum, como zelador de edifício. O Juanito, que se revela quando lhe é dado um carguito.

Um possível terceiro motivo, mais prosaico – a pura inércia, a vida em estado de sonambulismo: “Ora, se tem funcionado assim há 250 anos, mudar pra quê?”.

Adélia Prado: "Quando a escola acabar, quero nascer outra vez".