24 de abril de 2011

Na pele de Cadão Volpato

Para quem não sabe, além de músico (ex-Fellini) e escritor, Cadão é editor e apresentador do programa Metrópolis, da TV Cultura. Volta e meia atua como mediador em bate-papos literários.

Eu queria estar em seu lugar. Num programa diário de uma hora, traz as novidades do cinema, teatro, literatura, artes plásticas, música etc. Habilidoso ao conduzir as prosas, as perguntas de suas entrevistas demonstram um genuíno interesse, e quase nenhum traço de afetação (cena cada vez mais rara em programas do gênero). Antenado em todas estas áreas, está em contato direto com o biscoito fino da produção cultural do país.

Eu não queria estar em seu lugar. Assisto regularmente ao programa, mas nunca de cabo a rabo. Para fugir de uma overdose. Ecos da canção de Caetano, fim dos anos 60: “Quem lê tanta notícia?”. Dia desses, outro programa de TV trouxe o depoimento de uma mulher que, por dever profissional, ouve cerca de 300 músicas por dia. Me imagino nesse ritmo, e já tenho uma ligeira vertigem. Encontro alento nos versos de Paulinho Nogueira: “...duvidar, então, do que querem fazer você olhar, fazer você ouvir, fazer você pensar...”.

Estivesse eu na pele de Cadão... curtiria, decerto. Só resta saber quanto tempo demoraria pra ter de dar entrada numa clínica de desintoxicação cultural.